Esse artista me foi apresentado por um amigo que mora na Holanda. Achei muito interessante o trabalho dele.
Yinka nasceu na Inglaterra em 1962 e foi morar na Nigéria com 3 anos de idade. A arte dele explora temas sobre raça, identidade, história e alienação através de uma estética complexa e rica em simbolismos. Ele usa manequins sem cabeça nos seus trabalhos, o estilo vitoriano inglês e o tecido que é chamado africano, multi-colorido e multi-estampado com padronagens típicas. Porém, esses códigos aparentemente decorativos são uma porta de entrada para uma leitura mais aprofundada do mundo pós-colonial. O tal tecido africano que ele usa é uma imitação do batik indonésio, criada na Holanda no século 19 e fabricada na Inglaterra para ser vendida na Indonésia, colônia holandesa na época. Quando viram que não encontravam consumidores lá, certamente por conta da altíssima qualidade do batik local tradicional, o tecido foi vendido a preço de banana na África ocidental. Até hoje esse tipo de tecido é fabricado largamente na Europa e muito usado pela população dessa parte da África, até que virou um símbolo de africanidade, sendo que na realidade é fruto do colonialismo europeu.
Yinka Shonibare, numa entrevista, conta que quando era estudante de arte em Londres, fazia um trabalho com elementos da arte russa e foi criticado por uma professora que dizia “você é africano, deveria fazer arte sobre as suas origens”. Por que devemos sempre nos lembrar de que viemos de algum país? Por que não podemos simplesmente exisitir enquanto espíritos livres e originais, sem essa imposição do apego às origens? Acho que quando Shonibare subverte a noção de identidade, como faz em todas as suas obras, mas bem especificamente em obras como “Dorian Gray” ou “Diary of a Victorian Dandy“, retratando a si mesmo nos papéis que normalmente são reservados para brancos, está certamente confrontando com essa falsa autenticidade, essa identidade imposta. Seu primeiro filme é "Un Ballo in Maschera (Um baile de mascara)" de 2004 em que el mostra o assassinato do rei Gustavo III da Suécia em 1792 por meio da dança. Vou colocar algumas fotos aqui no blog.
Yinka Shonibare recebeu o título de MBE, Member of the British Empire. Nesse episódio também o artista agiu em consonância com a sua arte, com contradição. Todo mundo achava que ele certamente iria rejeitar o título, assim como fizeram muitos outros artistas e pensadores, pela idéia do imperialismo e do “sistema” que é atribuída ao título. Ele não só aceitou como agora faz questão de sempre usar o MBE no seu nome. As contradições e a quebra de expectativas são sempre ótimas ferramentas para dar uma chacoalhada na sociedade.
Yinka Shonibare recebeu o título de MBE, Member of the British Empire. Nesse episódio também o artista agiu em consonância com a sua arte, com contradição. Todo mundo achava que ele certamente iria rejeitar o título, assim como fizeram muitos outros artistas e pensadores, pela idéia do imperialismo e do “sistema” que é atribuída ao título. Ele não só aceitou como agora faz questão de sempre usar o MBE no seu nome. As contradições e a quebra de expectativas são sempre ótimas ferramentas para dar uma chacoalhada na sociedade.
Yinka atualmente mora e trabalha em Londres.
uau.... achei tudo bem bonito... os tecidos etc... Realmente temos que aprender muito mais sobre a Africa.
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